E aí? E aí que eu saí com que cara legal que conheci há algumas semanas. A gente foi tomar cerveja, como amigos, afinal, as mulheres não costumam dizer que vão sair com um cara já na intenção de pontuar.
Enfim, saímos, conversamos e, como manda o figurino, nos beijamos quando acabou o assunto.
Frio, seco, você pode pensar. Que nada, foi ótimo, rolou uma química sensacional e a gente continuou se beijando até que ficou tarde e ele foi me levar em casa. Mas antes, no carro, pega daqui, segura ali, mexe lá, até que ele, dengoso, me peguntou ao pé do ouvido:
- Vamos para outro lugar? – Outro lugar é um termo ótimo. Um dos conhecidos eufemismos para motel. Por isso, numa secura quase insensível me afastei e disse:
- Pro motel, você quer dizer? – Com um sorriso sacana e uma voz suave que me percorreu a espinha ele me deu a resposta óbvia. Eu sorri maliciosa, estava louca de vontade, mas com uma mistura de safada e moça de família do século XIX respondi, afastando-me um pouco:
- Está tarde, me deixa em casa, por favor.
- Vamos, estou louco por você – ele completou me aproximando de seu corpo. Dei-lhe um beijo provocante e me afastei outra vez.
- Não vou – Fui seca. Ele me olhou indiguinado e ajeitou-se no banco para esconder o pinto duro. Como se perdesse a paciência me questionou:
- Mas, por quê? – A resposta foi a mais imediata que me veio, quase ridícula.
- Sabe o que é? Se eu der pra você hoje, você vai achar que eu sou uma vagabunda que dá pra todo mundo. – Ele me olhou assustado com a sinceridade, e fez que não com a cabeça.
- Eu, eu nunca pensaria isso.
- Que mentira… – interrompi-o sorrindo malandra e dando-lhe uma bitoquinha – basta eu der pra um cara na primeira noite pra ele achar que dei pro mundo inteiro. E você não me parece excessão à regra.
Ele ficou sem reação após a resposta, como seu eu tivesse adivinhado seus pensamentos e talvez por isso tenha logo ligado o carro.
- Bom, te deixo em casa então. – ficamos alguns segundos em silêncio até que completei.
- Não precisa ficar tímido, eu sei que você já me acha uma vagabunda de qualquer jeito. – Ele me beijou suavemente, beijou minha testa e disse, claro que não, sorrindo o menos amarelo que pôde.
Rimos um pouco disso no trajeto até minha casa, mudamos de assunto, mas ao parar à minha porta ele mais uma vez insistiu. Mas eu? Eu fui firme, casta e não dei! Não mesmo!
E que bobagem, porque nos falamos depois e virei uma espécie de desafio pra ele. Saímos algumas vezes e quando encerrei meu voto de castidade, em uma semana transamos inúmeras vezes e fomos às nuvens. Talvez por isso, depois daquela semana ele não tenha me ligado mais, afinal, moça de família costuma não transar bem.
E desde quando dar pra quem bem entende faz de alguém vagabunda ?
ResponderExcluirPois é, ta aí a ironia no texto. Quem disse?
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