sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Desamores #3

Hoje percebi que não estou apaixonado, que tua falta não me é buraco, que distante me sinto apenas carente, e por isso te procuro.

 Não há frustração maior do que olhar os teus belos olhos e perceber que meu sentimento é vazio, que teu corpo me preenche mas não me aquece, que tua voz me é rouca e dispersa.

  Mas ando, veja, tão desapaixonado que pulo daqui acolá procurando uma paixão que me cerque e me desarme.
 Por isso quando te olho, menina, quero pensar que amanhã teus olhos serão mais verdes que são hoje. Quando te encontro, guria, quero pensar que te amo, como sinto que me amas. 
Quero pensar que te quero, que te caso, que te vivo, que não te frustro.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Tirinhas de Quinta #4


De Malu a Mulan

A cena mais linda de Mulan: quando corta o cabelo e vai para a guerra, salvando seu pai, o Imperador e China 


Li há tempos um texto que falava sobre o poder da mulher de cabelo curto. Acho que foi no Papo de Homem, mas não tenho certeza, só achei curioso entre as banalidades do Facebook e parei para ler. Achei incrível e pensei comigo: "Vou cortar o meu cabelo bem curto".

Afirmação essa que eu carrego há cerca de 5 anos. Sempre digo que vou cortar o meu cabelo bem curto, até cogito raspar. Mas sempre me falta a coragem para fazê-lo. É só cabelo, eu sei. Ele cresce (o meu bem rápido ainda por cima). Mas ainda não consegui cortar curto. Tal comportamento pode ser chamado de Síndrome de Malu Mader. Ao que consta, parece que Dona Malu tem problemas em cortar o cabelo. Assim como eu e grande parte da população.

Eu não quero viver uma vida presa ao meu cabelo. Soube hoje, por meio de um amigo, que o Graacc recebe doações de cabelo. A ação é para ajudar crianças com câncer infantil, muitas delas carecas por conta do tratamento. Não vou à Guerra enfrentar hunos no lugar do meu pai como a Mulan foi, mas cortarei as madeixas pra ajudar alguém.

Quem já perdeu alguém para o câncer sabe o quanto essa doença é maligna. Não somente o paciente, mas todos acabam adoecendo. Eu já perdi um amigo para o câncer. O vi careca, sem sobrancelhas, magro e amarelado. O que eu nunca vi foi ele reclamando de algo - mesmo com toda a dor que sentia.

Por isso, além de curar minha Síndrome, irei ajudar alguém. Quero que o meu cabelo - que tanto me irrita em ralos, pias e escovas - sirva para trazer um pouco de alegria a uma criança. Porque ninguém deveria sofrer com isso, tão pouco uma criança.

Para saber mais sobre o Graacc e suas ações, é só ir no site. Descobri também A Rapunzel Solidária, que tem a mesma proposta e ainda por cima, convênio com salões de cabeleireiros. Fica a dica Malu!

Nota: meu amigo Guilherme não morreu em vão. Seu pai, Wiliam Miguel criou um Instituto que ajuda pessoas com câncer também. O que prova que a luta dele permanece. Para saber mais, confira no Instituto Força Gui.

Confira o vídeo da Mulan Contemporânea:

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

A mulher e a publicidade

A sociedade mudou, felizmente, e muito já evolui na questão da mulher. Porém, pensa só, a lei Maria da Penha foi sancionada em 7 de agosto de 2006, é muito recente, um reflexo de que as mudanças ainda são lentas. 

E a lei é cultural, por isso reflete o que a sociedade na qual está inserida aceita ou não. Da mesma maneira funciona a publicidade, o que faz muitas vezes com que os comerciais antigos se tornem "politicamente incorretos" para a sociedade atual. 

Separei algumas publicidades que retratam a mulher, ontem e hoje e tenho certeza que o homem mais machista do século XXI vai achar um absurdo muito do que está postado abaixo. Por isso nunca devemos deixar de refletir sobre o que consumimos hoje, afinal, sempre é preciso mudar e evoluir.  

Vamos começar de leve, com a mulher preparada para o casamento a qualquer custo.  





Mais uma dos casamentos perfeitos. Afinal, mulher ficar pra titia não dá!



O chocante deste abaixo é não ser publicidade, mas uma matéria jornalística. Parafraseando o autor: "Não há dúvida de que é mais agradável ao motorista [a frentista de sainha]".




Olha só! Uma evolução! Aqui você mulher já é capaz, e como diz o próprio anúncio, "não tenha nenhum complexo diante dos homens"
 

Acho que não é preciso dizer muito a respeito desta, não é?




Mas não é um mimo está daqui? Ainda bem que nos anos 80 não havia lei Maria da Penha!



É só uma piadinha, não?


Exagero? Dá uma olhadinha no subtexto deste comercial produzido recentemente pela TCM, em pleno século XXI


E para encerrar, a namoradinha do Brasil, Regina Duarte, aprendendo a dirigir um VW. Porque os homem já sabem dirigir de berço, não?







sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Sabores #2


















Um gole de cerveja, de vinho, de Whisky, de coragem.
João, Alberto, Pedro, Paulo, Marcelo, quem mais? Quantos mais? Por quantas noites?
Um gole de tesão, uma pílula de antídoto, um trago de orgasmo. Quantos seriam precisos, quantos rostos precisaria reconhecer, quantas bocas, falos, fossas?
Pequeno não satisfaz, grande machuca, médio, forte, fraco, ameno amargo, doce.
Um gole de noite para tomar coragem de dia, um sono fatigado para justificar a preguiça, uma noite em claro para arrepender-se do incerto.


Maria, Marta, Ana, Clara, Silvia. Quantas mais? Quantos esconderijos mais? Quantos disfarces mais?

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Feliz aniversário Colin!


A sinceridade das crianças é realmente algo notável, certo? Sim, em filmes, seriados e vídeos do youtube de ate 3 minutos. Mas na prática, crianças e adolescentes podem ser cruéis. O caso aqui não e nenhum atentado motivado pelo bulliyng que vitimou dezenas em algum colégio secundário. Ao contrário: foi uma das maneiras mais doces e gentis que uma mãe arranjou para desejar um feliz aniversário ao filho.

Às vésperas de completar 11 anos, Colin respondeu aos pais que não queria festa de aniversário porque não tinha amigos para chamar. A mãe dele teve então a brilhante ideia de criar uma página no Facebook desejando votos ao filho. Tudo bem até ai.

O que Colin e sua mãe, Jennifer, não esperavam é que essa página renderia alguns amigos. Quase dois milhões deles, do mundo todo, enviando cartas, videos, votos de sucesso e presentes. Colin foi diagnosticado há um ano com transtorno de processamento sensorial, junto com um outro transtorno semelhante ao autismo. Isso também interfere no processo de interação com crianças da mesma idade.

Acredito que esse será um aniversário memorável para Colin e sua família. E pretendo deixar um recado para esse sensato garoto, que evidencia que o maior transtorno humano é a falta de humanidade. Feliz aniversário Colin!

Abaixo, vídeo da Alpha Xi Delta (Fraternidade da Universidade de Indiana) desejando um aniversário incrível para o guri:




 Via Hypeness.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

10 coisas que fazem de você um bunda no trânsito

1 - Não dar seta



E não venha com mimimis, pois não há motivo para não utilizá-la. Vem de fábrica e é fácil de acionar. Deve ser acionada inclusive - e especialmente - na troca de pistas, mesmo que você esteja costurando.


2- Andar como uma lesma na pista da esquerda. 





Afinal, para pessoas que querem apreciar a paisagem ou procurar o endereço, já inventaram a pista da direita. 



3- Colar na bunda quando o coleguinha da frente já deu sinal que vai dar passagem, mas antes vai ultrapassar o caminhão.


Custa esperar 10 segundos?


4- Buzinar na enchente





Hellooooow, o rio não vai baixar só porque você buzina!

5- Aliás, buzinar fora de situações de cagada do coleguinha é sempre deselegante e te torna mala.


6- Cortar,  de propósito,a galera toda que estava na fila.


 E não, ninguém se importa que você está com pressa. Isso te torna um pedaço de fezes.

7- Molhar o pedestre por esporte. 

Afinal, você não está no videogame, onde isso te dá pontos.

8 - Trafegar pelo acostamento. 


Em alta velocidade é pior ainda! Seu possível assassino!

9 -Para carros somente: Fechar o corredor das motos por esporte.

Já que o trânsito está todo parado, ninguém passara. -.-

10 - Para motos somente: Buzinar, espernear e arrancar retrovisores mesmo que não haja espaço no corredor


sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

A Primeira Vez #1

Te vejo arqueada, perceba, e te observo como quem olha o olhar alheio. Te tenho vontade e te engulo, estática, enquanto desfrutas daquele martini seco.


Foi assim que te conquistei, te pondo mais bebida no copo e te tecendo, aquecendo pelos seios abaixo. E com esta mesma ternura, te traí, sem a menor compostura descabida.
Não doeu, nem sequer fez cócegas, foi o que senti quando a tinha, a outra, sob minhas mãos geladas e sedentas. Eu a peguei no colo, a arrastei na noite, e juntos fomos capazes daquilo quem em 5 anos nunca tivemos, eu e tu.


E te traí te amando, como nunca amei alguém. Mas o desejo, a carne, a vontade, nada disso pode esperar por mais tempo. Por isso, quando ela me consumiu com gosto, queria te tivesse ali tu. Quando ela me engoliu, me despiu, se abriu, queria que tivesse sido contigo, conosco.
Mas não foi, porque tu te viras e te dormes, porque me dizes que tens nojo, porque em ti dói e nela não.
E assim, deste jeito tolo e inconseqüente lhe ofereci um drinque, e ela tomou. Lhe apertei os seios, e ela topou, lhe cobri de beijos e ela gemeu.

Mas entenda, que queria vê-la assim, tu, arqueada em meus braços, minha. Mas não me deixas. E sob este corpo de carrasco, capanga nefasto, te escondo e te digo, que foi assim, a primeira vez dentre muitas das vezes que te traí.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Parem de colocar coisas estranhas em suas respectivas bundas

"Eu poderia casar com aquela bunda":  O Cheiro do Ralo, com Paula Braun e Selton Mello, direção de Heitor Dhalia





















Não, não tenho nada contra a prática sexual predileta da Sandy. O lance aqui é uma questão de saúde pública. A moda (nem um pouco nova) são as injeções ilegais de silicone industrial para aumentar os glúteos. Em uma matéria especial da Vice, pude constatar que essa febre pela perfeição (?!), idolatria ao self e esse enorme templo construído com Photoshop e botox chamado corpo podem ser fatais.

Se no Brasil a predileção masculina é a bunda (salve poetinha Carlos Drummond de Andrade por seus belos versos), nos EUA eram os seios que comandavam. Agora não mais. Desprovidas do pandeiro tipicamente brasileiro, americanas recorrem diariamente a métodos clandestinos para aumentar a poupança. E como um procedimento cirúrgico pode ultrapassar os 10 mil dólares, a alterativa é sempre o mercado clandestino.

Com injeções de silicone industrial, mulheres (e homens) recorrem todos os dias ao que pode ser uma injeção letal. Sem fiscalização ou regulamentação devida, sem segurança e, em alguns casos, sem qualquer conhecimento, falsos esteticistas injetam até concreto em clientes tão ávidos pela bunda perfeita.

O grande lance é: pode até ser que fique como desejado, mas concreto, cimento, óleo vegetal e silicone industrial não são de forma alguma materiais aceitos pelo organismo. E em aproximadamente uma década, o que antes era estética, torna-se um grave problema.

Tais substâncias percorrem a corrente sanguínea e podem levar à morte. Principalmente o silicone industrial, material de difícil remoção, mesmo com o cirurgião mais experiente. Além do custo, é claro: 10 vezes o valor da injeção clandestina. Por uma questão de estômago, preferi não postar nenhuma foto do estrago feito por conta do procedimento (a coisa é feia).

Abaixo, segue vídeo mostrando como alguns pacientes perceberam que a bunda abundante paga não era bunda, era cilada:

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

O amor é outra coisa



























"A vida é uma DST." Li essa frase no twitter de uma amiga certo dia, que a viu estampada na camiseta de um conhecido. Achei brilhante. Lembrei finalmente de onde a conhecia: "Natimorto", do Lourenço Mutarelli.

Perdida em uma dessas noites de insônia, na ânsia inútil de procurar um pé para entrelaçar os meus enquanto durmo, pensei: "Será também o amor uma DST?". E respondi minha própria dúvida com a confirmação. O amor é sim uma DST. Parto do princípio de que só começamos a amar de verdade uma pessoa a partir do momento que nos relacionamos sexualmente com ela.

O sexo gera o amor, não o contrário, como nos foi afirmado por séculos. Estejam à vontade para discordar e/ ou discorrer sobre, mas mantenho minha linha de raciocínio. O amor aqui tratado é aquele que difere aos laços familiares e de amizade, que fique claro. Amor de mãe, pai, avós, irmãos, tios etc é fundamentado em outros princípios que não competem à atração física mútua. Longe de mim (e bem longe por sinal) provocar polêmica com uma possível legitimação do incesto.

O amor rudimentar, aquele que une semelhantes da mesma espécie (não necessariamente de gêneros diferentes, pois faço questão de legitimar o amor homo afetivo) surge sim do ato da cópula. Embora muitos possam (e vão) argumentar que só se envolveram sexualmente em determinados relacionamentos porque amavam, refuto novamente e reafirmo que só amamos alguém após a troca de fluídos sexuais e ponto. Até lá, só achamos que é amor.

E não é difícil entender porque muitas pessoas pensam o contrário do que acabei de constatar. Além das crenças milenares, as áreas cerebrais e os hormônios que diferem o amor da paixão, fascínio, desejo, são similares. E isso não sou eu que estou afirmando, mas a ciência. Portanto, até que o sexo se consume, o que chamamos de amor é na verdade outra coisa. Afeição, similaridade, compatibilidade - chame do que quiser, menos de amor.

Porque é no sexo que conhecemos ao outro integralmente: o gosto, o cheiro, o tato, o som. Tudo isso completando e contemplando o nosso e o corpo alheio. O que não quer dizer que vamos amar cada um com o qual transamos. Fatores simples e novamente hormonais, curiosidade, vontade e muitas outras coisas vão nos motivar à cópula sem resultar na mística, porém química que é o amor.

Tudo isso é tão justificável que até as estatíscas apontam: por mais afinidade que um casal tenha, casamentos acabam todos os dias porque os tempos de "bom sexo" se foram, e o amor junto com eles. E provam o contrário: amantes que vivem às turras mas se aguentam, pois afirmam que "entre quatro paredes eles se resolvem".

Por todo o citado afirmo que amor, só depois do sexo e que é sim uma DST (para a qual espero que não achem a cura). Sexo sozinho é egoísta, é filho único mimado ou caçula que quer as coisas no seu tempo e do seu jeito. Que só usa, sem querer ou achar que também é usado. Aquele que faz "chantagem pós-coito", almejando dormir de conchinha mesmo em um calor cuiabano. Ou aquele que só deseja que o seu "item sexual" suma o quanto antes, ou se transforme numa pizza.

O amor (legítimo, pós ou até durante o sexo) não exige nada disso. Ele se rende ao prazer do outro corpo como fonte de seu próprio prazer. Sabe o que pode, o que quer e mais ainda: aonde quer. Não exige abraço ou conchinha quando acaba, mas também não repele. Entende quem cala, entende quem fala, entende quem dorme. E sorri exausto, mas feliz e seguro de que esses momentos bons tem uma fonte inesgotável, apesar de tudo que digam.

Tal como o apêndice é um órgão de fácil inflamação e remoção, o sexo (e o amor, por consequência) é o oposto - é um órgão que nos falta e buscamos incessantemente em outros corpos. Alguns transplantes ocorrem bem, outros resultam em rejeição. Mas sempre haverá gente na fila de espera esperando pelo órgão compatível.



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Texto publicado originalmente em Villon Submarine, em 14/03/2012.